ㅤㅤA vida é frequentemente descrita como um mistério. Misteriosos são os bastidores da existência. Por que estamos aqui? Para onde devemos marchar? E quais os caminhos a seguir? Entre os inúmeros mistérios que cada povo e cada fé tentam descrever, uma certeza permanece sempre próxima e, ao mesmo tempo, incerta: a morte.
ㅤㅤEla chega e arrebata. Para alguns, é vista como um descanso após doenças e anos intensos de dor. Para outros, é temida, algo indesejado, aquilo de que se foge. É o que movimenta o corpo para evitar o sedentarismo, que controla o apetite para prevenir os males de uma má alimentação e seus desdobramentos. É o que impulsiona a caridade, pensando-se em um pós-vida de glórias e paraíso.
ㅤㅤMas a morte acontece. Na surpresa de um acidente ou de uma doença fulminante. Ou mais silenciosamente, em uma enfermidade descoberta tardiamente. Ou ainda após uma longa vida de conquistas, contradições e muitas histórias.
ㅤㅤNesse ciclo da vida que tem como destino a morte, alguns, ao chegarem lá, não deixam de ser lembrados ou comentados. Nesta última quarta-feira, 12 de fevereiro, perdemos o ex-prefeito Sebastião Biazzo. À sua maneira, adorado por muitos e igualmente odiado por outros. Uma figura com suas contradições, méritos e estilo próprio.
ㅤㅤTalvez seja anacrônico analisar sua trajetória apenas sob a ótica do presente, julgando ações realizadas em um contexto que não é o contemporâneo, o imediato. Mas, dentro da história, ele faz sua passagem, despertando memórias em toda uma população. Uma população que recorda feitos, bordões e ações que fazem dessa figura uma parte indissociável da cidade.
ㅤㅤCada um de nós nos destinamos a esse fim, mas, nem todos, pelas contingências da vida, pelas escolhas e destinos, pelas oportunidades aceitas ou menosprezadas, terão a experiência de, quando a hora chegar, ao menos, ter em sua existência a marca da história. E marcar a história não apenas de uma cidade, em termos de mandatos e projetos, mas também em vidas que dela se lembram, ainda que com críticas atravessadas.
ㅤㅤAguaí, esta semana, se despede de Tião Biazzo. Da mesma forma que nos despedimos daquele familiar que, embora ausente, embora distante, sempre foi dito, sempre foi falado. Que, embora contraditório, sempre foi querido, sempre foi, saudosamente, lembrado.
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