Não só a razão para levar adiante


ㅤㅤEm um momento histórico em que a tecnologia ganha primazia com a inteligência artificial, a razão, os fundamentos técnicos e frios de uma existência explicada pela lógica não são suficientes para preservar na nossa sociedade aquilo que nos faz humanos. Nesse cenário, o simbólico, o misterioso e o inexplicável da fé parece ser um importante elo que nos mantém humanos e vivendo em comunidade.

ㅤㅤNas ultimas semanas, um fato da igreja católica tomou centralidade entre fiéis e ateus, apostólicos romanos, protestantes, kardecistas e não cristão em geral: a despedida de Jorge Bergoglio, o Papa Francisco. À frente à Igreja de Roma, Francisco direcionou como lider de uma religião de mais de 2 bilhões de fieis o olhar do mundo para as dores do nosso tempo resgatando a mensagem de Jesus Cristo: a vida em comunidade baseada em amor, piedade e misericórdia, por isso a sua perda não foi apenas uma dor compartilhada entre católicos — entre os quais regressei a incluir-me de maneira praticamente nos últimos anos — e outros cidadãos preocupados com um mundo afetado pela crise climática, a insensatez das guerras e assombro da inteligência artificial na vida do trabalho.

ㅤㅤEntre o anúncio da despedida, depois um domingo de Pascoa no qual Francisco esteve entre os fiéis reforçando que mesmo em meio à fragilidade, sua mensagem de amor aos flagelados do mundo estava acima da suas dores individuais e que sua missão — ou sacerdócio para ser mais técnico — seria praticada até seu ultimo momento; até a eleição do seu sucessor, percebi entre as diferentes manifestações entre amigos, desconhecidos nas ruas e nas redes como a sensibilidade deste Bispo de Roma alcançou para além dos muros da Igreja. Talvez porque não sejam suficientes, neste mundo desumanizado que vivemos, as respostas da razão e que a fé ainda tem espaço.

ㅤㅤAgora com Leão XIV, um agostinianos cuja ordem advem de Santo Agostinho, um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo cujo pensamento não desvencilhava como possível fé e razão como conciliáveis. Diante das duras evidências que tiramos do contexto mundial diuturno, somente a fé é combustível para ver possivel superarmos tanta angústia, exploração e terror. Quando a razão não parece dar toda as respostas, olhar para a fé com uma mensagem de esperança, comunhão e cuidado com nossa terra comum pode ser tudo o que nos falta para seguir adiante sem esmorecer.



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