Abra a felicidade 

As trocas que envolvem os processos de compra e venda são curiosas. Hoje, como descobrimos ao se estudar marketing, elas vão muito além do objeto em si que é comercializado.

Quando se olha para grandes marcas — McDonald's, Apple, Nike — é possível perceber que elas não comercializam seus produtos, mas as experiências que se pode ter com eles. Felicidade, progresso, beleza, liberdade etc. são os fatores que apresentam como diferenciais para levar consumidores a escolhê-las.

E nós, assim, deixamos a necessidade de adquirir um item ser suplantada pela subjetividade que envolve a sua posse. Por isso o mercado é tão aviltado: ele cria símbolos que alteram comportamentos e desejos de consumo em busca de superar a saturada oferta de produtos e serviços em busca de clientes que, na verdade, não têm suma necessidade do que compram.

São nessas construções simbólicas que se estabelecem fatores como o consumismo desenfreado e a alienação. Compramos pelos estímulos do comprar, produzindo cada vez mais resíduos, em razão de sentidos que são construídos externos a nós, apenas para cumprir com a cartilha da sociabilidade ou da mais recente tendência.

Tudo isso maquiando as noções de real.

Aplaude-se prefeito que se fantasia de gari e tem a “humildade” de se relacionar e ser visto com os populares, dentro de sua performance de marketing, mas não se exerga a descontinuação de programas sociais que beneficiam esse mesmo público. O importante é entregar a experiência que foi vendida, no caso a atividade constante, vista por todos, mesmo que ela não seja a sanação de um verdadeiro problema social.

Precisamos manter atenção redobrada a todo esse processo. Não porque seja preciso fugir dessas trocas, que acontecem naturalmente no dia a dia, mas para não se cair nas suas armadilhas sem ver os motivos e os interesses que as constroem. Isso, até que a próxima onda nos arremate.

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